SPED entregue, mas sem qualidade garantida

A maior parte das empresas que entregaram os livros fiscais e contábeis em formato digital – o chamado Sped – cumpriu o prazo determinado pelo governo, mas não tem certeza da consistência dos dados apresentados. É o que revela, nesta quinta-feira (12/11) uma pesquisa feita pela consultoria IOB com 348 companhias de diversos ramos de atividade, que aponta também que muitas delas pretendem retificar o que foi transmitido.

Com o Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), instituído pela Receita Federal e as secretarias de fazenda (Sefaz) estaduais, as áreas contábil e tributária deixam de ser uma simples obrigação e ganham importância estratégica nas empresas. Isso porque o sistema  determina a digitalização dos livros contábeis e fiscais das organizações e, com isso, o Fisco passa a ter acesso quase em tempo real a toda movimentação financeira e cruzará essas informações – o que facilitará identificar erros nas declarações, sejam eles cometidos sem intenção ou por má-fé. 

De acordo com José Adriano, diretor de soluções da IOB, no início muitos executivos acreditavam que os prazos seriam prorrogados e que teriam mais tempo de se adequar. Com as datas limite mantidas, eles tiveram de correr para transmitir as informações.

“Isso significa que muitas empresas, na corrida para atender ao prazo, podem ter transmitido dados com algum tipo de inconsistência”, avalia Adriano. “Ou seja, o cumprimento do prazo não significa, necessariamente, que as empresas estão totalmente preparadas ou adaptadas ao Sped: ainda há muitos problemas com o conteúdo das informações”.
 
Das empresas que atenderam a data limite para adequação ao Sped Fiscal, 29% informaram que pretendem retificar os arquivos. Segundo a IOB, os motivos principais da retificação são o desconhecimento da obrigatoriedade ou a postergação da implantação e, consequentemente, a falta de tempo para revisão de pontos importantes e cruciais para a qualidade das informações. Já  pesquisa realizada, 19% apontaram a falta de tempo como a principal dificuldade na implantação.

Porém, Adriano alerta para o risco em retificar: “Às vezes ela funciona como um convite para que o Fisco olhe suas informações com mais rigor, uma vez que o sistema vai identificar que houve alteração nos dados”, destaca.
 
Já no caso do Sped Contábil, das empresas pesquisadas, 38% declararam que estiveram obrigadas a transmitir os arquivos digitais até 30 de junho deste ano. Desse grupo, 92% transmitiram o arquivo dentro do prazo, mas 15% afirmaram que terão de retificar os arquivos – índice considerado alto pela IOB, o que demonstraria o grau de insegurança das empresas. 

Em relação à Nota Fiscal Eletrônica (um dos pilares do Sped),  40% da base pesquisada já passaram pelo período de adequação obrigatória entre 01 de abril do ano passado e 01 de setembro de 2009. Entretanto, 42% das empresas declararam que, mesmo fora da lista de obrigatoriedade, pretendem antecipar a implementação da NF-e. Todavia, 53% dos entrevistados não sabem se estão – ou a partir de quando estarão – obrigados à emissão da NF-e, o que pode representar grandes riscos para as empresas.
 
Segurança a respeito dos dados? Apenas14% das empresas têm total segurança em relação à acuracidade das informações; 16% nos cadastros (produtos e CNPJ); 15% nos processos; e 16% em relação ao sistema. Isso ocorre porque, segundo Adriano, “no intuito de atender o prazo, muitas empresas não deram à devida atenção ao conteúdo, e eventuais erros que, mesmo involuntários, podem trazer grandes prejuízos às empresas”.

Fonte: b2bmagazine.com.br – 12/11/09

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