* Por Márcio Guerra
Há 20 anos, o BI (Business Intelligence) despontava no mercado como grande promessa tecnológica, porém ainda restrita aos usuários mais modernos e economicamente poderosos. Sua grande disseminação em empresas de todos os portes deveu-se à economia de escala , que o tornou financeiramente acessível, associada é, claro ao enorme benefício que essa tecnologia proporciona ao negócio.
Hoje, porém, com o grande avanço das novas tecnologias de análise de dados em baixa latência (ou mesmo em tempo real) já é lícito avaliar que o tradicional modelo BI está entrando em fase de radical virada tecnológica. Implica dizer que, neste movimento, o que tradicionalmente se entende por BI não irá exatamente desaparecer, mas já começa a ceder o seu lugar para ferramentas mais evoluídas. Ferramentas estas voltadas não só para suas antigas funções, mas também para funcionalidades antes não pensadas no seu modelo de plataforma.
O prognóstico é, em parte, embasado pela avaliação de que as novas ferramentas de Business Analytics (BA), já vão se consolidando no mundo como tendência irrefreável. De fato, uma nova e abrangente maneira de se encararem os dados estratégicos das empresas vai surgindo da confluência do BI com BA e com as novas tecnologias de armazenamento e ordenação dos dados. Este novo modelo de inteligência de negócios já começa a ingressar no mercado sobre diferentes rubricas, sendo uma delas a de BI 2.0.
Vale observar que tal avanço na forma de encarar o avanço do BI é parte de um processo natural de modernização da tecnologia computacional. Embora o BI tenha trazido muito mais competitividade aos negócios desde a sua criação; hoje, sua efetividade é bem menor, e o será cada vez menos, se ele não for capaz de incorporar os conceitos e requisitos advindos da nova era digital, baseada na banda larga abundante e na total conexão da sociedade em redes sem limitação geográfica e com baixo limite de performance.
A tarefa de organizar as informações e prever futuras decisões com base em eventos altamente recentes, que é a proposta do BI tradicional, torna-se agora apenas mais um componente (embora, sem dúvida importante) das novas tecnologias preditivas que integram o BI 2.0.
Mais do que reagir aos eventos, o que hoje a inteligência de negócios espera da tecnologia é que ela se adiante a eles. É a partir de tal premissa, que o novo modelo aqui chamado de BI 2.0 se direciona para descrever e entender aqueles fenômenos de negócio que ainda “devem” ocorrer e não mais os que “estão ocorrendo” e que são usados como subsídio para a ação dos gestores.
Exemplo disto são muitos. Um deles é o atual “boom” das tecnologias de forecasting (ou previsão de demandas), que estão revolucionando as práticas de planejamento do negócio e representam índices de acerto surpreendentemente maiores que os obtidos por meio da análise artesanal de gráficos fornecidos pelo antigo BI.
A compilação inteligente dos dados históricos, já mensurável pelo tradicional BI, permitia aos gestores trabalhar com intuições bem embasadas em dados reais. Porém, com o BI 2.0, esses “insights” de negócio passam a ser muito mais mecanizados, ou cada vez menos dependentes de intuições humanas e, portanto, desprovidas de um padrão matemático preciso.
A velocidade e o volume de pontos de decisão aumentaram substancialmente. Uma visão mais embasada do futuro já se torna uma exigência imposta pela complexidade cada vez maior dos negócios. Hoje não é mais suficiente aquela tecnologia capaz de apresentar uns painéis, oriundos de aplicação de análises ad-hoc, para que os executivos encontrem históricos relacionados aos clientes, produtos, fornecedores, tempos, localidade, pessoas ou contratos.
No mínimo, as novas soluções precisam ser capazes de sugerir possíveis ações ou decisões, baseadas em hipóteses fortemente lastreadas, proporcionando ao gestor uma tomada de decisão dinâmica e segura. Com isto, o BI 2.0 resolve, de modo imediato, a necessidade de redução do time-to-market (hoje uma das grandes demandas dos negócios), e de mitigação do risco de perdas de oportunidades, com a conseqüente potencialização da eficácia das organizações.
Juntamente com o BI 2.0, deve iniciar-se a eclosão de uma segunda onda de reorganização das bases de dados empresariais. A constituição de novos data centers em nuvem e o avanço da venda de software como serviço (SaaS), marcam o começo da nova era tecnológica nas empresas, consolidando a base para a expansão do BI 2.0.
* Márcio Guerra é diretor comercial da MD2 Consultoria
Fonte: Decision Report – 20/7