Varejo ensaia reação em outubro

O Dia das Crianças e o efeito calendário causado pela data – um dia útil a mais mês, pois o feriadão caiu em um domingo – puxaram os bons resultados do comércio paulistano na primeira quinzena de outubro. Segundo dados do Balanço de Vendas da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), as vendas cresceram 21,9%, em média, ante igual período de setembro, e 5,85% na comparação anual. Apenas no movimento a prazo, a alta foi de 7,5% comparada ao mês anterior, puxada pela compra de tablets, smartphones e outras novidades em eletroeletrônicos para presentear os pequenos. Já no movimento à vista, concentrado nas compras de roupas, brinquedos e outras lembranças, a alta foi maior: 36,3%.

  
“Esse dia útil a mais ajudou a alavancar as vendas de outubro e equilibrar as perdas registradas pelo varejo no primeiro semestre, que foi prejudicado pelos feriados prolongados e pela Copa. Mas esse crescimento no início de outubro pode não se sustentar até o fim do mês, pode não ficar no mesmo patamar”, afirma Rogério Amato, presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), e presidente-interino da Confederação das Associações Comerciais do Brasil (CACB).

Isso porque, mesmo com o resultado positivo, o crescimento dos dois indicadores foi menor que o da média sazonal, que é de 15% e 38%, respectivamente. “O resultado confirma que consumidor se mantém cauteloso para comprar. Por outro lado, ele está mais educado em relação ao crédito, assim como as lojas e instituições financeiras estão mais seletivas na concessão, tudo isso devido às incertezas no cenário econômico”, explica Emílio Alfieri, economista da ACSP, fazendo referência à pesquisa que mostra o aumento do otimismo entre os consumidores, divulgada ontem pela Boa Vista Serviços.
 
Índice flutuante – Os dados de inadimplência do Balanço de Vendas da ACSP também foram animadores nos primeiros quinze dias de outubro: pelo levantamento, houve queda de 12,7% no indicador ante setembro, e de -3,2% na comparação anual. “O resultado mostra que o menor uso do crédito se reflete também no menor número de registros em atraso”, explica Alfieri.
 
Quando se fala em recuperação de crédito, ou seja, no indicador de quitação dos registros atrasados, o Balanço registrou alta de 6,5% na primeira quinzena ante o mês anterior, e de 9% comparado a igual período de 2013, refletindo também os efeitos das campanhas de renegociação de crédito, e do pagamento da primeira parcela do 13º de algumas categorias de trabalhadores, e dos aposentados e pensionistas do INSS, que por sua vez costumam ajudar parentes a quitar suas dívidas, completa.
 
De modo geral, os dados sinalizam que a inadimplência pode cair em outubro, após ter registrado alta em setembro – fato que confirma a flutuação do indicador. “Os dados de inadimplência alternam períodos de elevação e queda mas estão sob controle, graças à cautela do consumidor, ao crédito seletivo e ao desemprego, que continua em níveis baixos”, conclui Alfieri.
 
Por Karina Lignelli
Fonte: Diário do Comércio – 16/10/2014

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