Relato Integrado tem adesão no Brasil e prevê auditar riscos

Depois da vanguarda da Natura no ano passado, a proposta internacional de Relato Integrado em companhias abertas conquistou novas adesões no Brasil em 2013 com a participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Itaú Unibanco, AES Brasil, Votorantim e a concessionária CCR.

“A Magazine Luiza também manifestou o interesse de participar do projeto piloto e estamos incentivando mais empresas a entrar no processo nessa fase inicial, de construção da estrutura básica do modelo”, disse a assessora da presidência do BNDES, Vânia Borgerth. Entre as medidas práticas que podem ser adotadas até 2020 em diferentes países está a auditoria e monitoração de riscos de longo prazo nos negócios. “O Relato Integrado prevê acompanhar seis diferentes tipos de capital: o financeiro, o humano, o social, o intelectual, o capital natural e o capital de manufatura”, diz a diretora executiva Ernest & Young (EY), Meire Ferreira.

A EY já faz a auditoria da Natura. “O mercado está buscando uma forma de quantificar e preservar o valor intangível das companhias, o valor da marca, o que se deve valorar?”, argumenta.

A iniciativa surgiu em 2011 e reúne reguladores mundiais dos mercados financeiro e de capitais, de contabilidade, auditorias, entidades de governança corporativa, fundos de pensão internacionais e companhias listadas em diversas bolsas de valores com objetivo de construir novo modelo de gestão integrada que considere a sustentabilidade dos negócios, e os riscos de longo prazo, entre eles, os sociais e ambientais. Entre as mudanças que já ocorreram no exterior, a França já regulamentou a obrigatoriedade da auditoria de riscos em companhias abertas e a Bolsa de Valores da África do Sul por meio de autorregulação criou um sistema de adesão a prática de Relato Integrado. “Há duas correntes de pensamento na iniciativa mundial, uma defende a obrigatoriedade e outra, a adesão voluntária. Se a prática agrega valor não precisa regular, pois o Homem econômico [Homo economicus] investirá nisso. A corrente da adesão entende que a obrigatoriedade pode levar ao fazer por fazer, o que criaria apenas mais um relatório”, diferenciou. Na visão da área de sustentabilidade do Itaú Unibanco, o Relato Integrado poderá ser uma ferramenta de avaliação de outras empresas e ajudar em decisões sobre investimentos e de concessão de crédito e de financiamentos. “Ao contrário do que se pensa, não é mais um relatório ou um único relatório, é uma nova abordagem de olhar para o futuro e prestar contas aos investidores e a sociedade”, diz a executiva de sustentabilidade do Banco Itaú Unibanco, Denise Nogueira.

A executiva explicou que o primeiro passo é a busca da gestão integrada das informações. “Há a integração entre as áreas de comunicação corporativa, sustentabilidade, relações com investidores e finanças em identificar uma performance sustentável e a satisfação dos clientes”, disse.

Denise detalhou que essa nova abordagem exigirá diálogo e transparência entre as diferentes áreas das empresas. “Há um movimento dos investidores por dados sobre sustentabilidade e as instituições estão sendo questionadas, não é apenas publicar o máximo de informação”, diz. O primeiro modelo do Itaú já estará no Relatório Anual de 2013.

Meire, da EY, também entende que o Relato Integrado prevê mais simplicidade aos investidores e à sociedade. “O Relato Integrado virá para simplificar, será enxuto e apenas com informações relevantes”, afirma a diretora.

O especialista em sustentabilidade da AES Brasil, Luiz Eduardo Pires diz as informações trimestrais da AES Tietê e da AES Eletropaulo já vão trazer a experiência do Relato Integrado. “No balanço que vamos divulgar em 8 de agosto, o release de resultados terá nossa experiência do projeto de integração”, promete Pires.

Entre as novidades que a AES Brasil pretende levar aos investidores está o impacto social da distribuição de energia elétrica. “Qual o valor social de se combater a fraude, a energia roubada? Qual o valor de programas sociais como o Recicle Mais Pague Menos em comunidades carentes em reduzir o custo nas faturas de energia?”, questionou Pires.

06/08/2013 – Fonte: DCI-SP via Conselho Federal de Contabilidade

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