O papel da tecnologia em organizações do terceiro setor

Cada vez mais as organizações sociais precisam desenvolver uma visão estratégica, abandonando o improviso e a abordagem “amadora” na gestão administrativa.

Nos primórdios da tecnologia da informação, um sentimento dominava o coração e a mente da esmagadora maioria dos profissionais: dentro das empresas, a área de informática era um fim em si mesmo. Além disso, o importante era ter computadores para o trabalho operacional. Não havia a preocupação de utilizá-los em nível estratégico. O papel dos computadores, entre outros equipamentos, era automatizar processos burocráticos e simplesmente permitir a diminuição do quadro de funcionários. Melhorava-se a estrutura de tecnologia da empresa com o simples objetivo de deixá-la apenas mais atual e sintonizada com os últimos avanços tecnológicos. A estratégia, a missão, a visão e as metas eram assuntos distantes da tecnologia.

Ao longo do tempo essa visão se modificou, culminando com o pensamento atual: a tecnologia como fator de melhoria e otimização dos processos administrativos, integrando as diversas áreas da empresa por meio de softwares de gestão (ERP), e propulsora da inovação.

Numa organização com fins lucrativos, o objetivo final desse processo é a diminuição e a racionalização das despesas e dos custos, o aumento da receita e, consequentemente, o incremento do lucro. Mesmo que a tecnologia ajude no desenvolvimento de novos produtos, na evolução técnica, na melhoria da qualidade do produto e no nível de satisfação do atendimento ao cliente, entre tantos outros aspectos positivos, o ponto de convergência é sempre o mesmo: aumento do lucro financeiro.

Por isso, quando se fala em tecnologia nas organizações do terceiro setor, surge o questionamento: como a tecnologia pode ajudar essas organizações que não tem o lucro financeiro como objetivo? Por que investir em tecnologia, se o objetivo não é o lucro financeiro?

Apesar do objetivo das organizações do terceiro setor não ser o lucro financeiro, elas precisam obter outro tipo de lucro: o social. Ou seja, a obtenção de resultados quantitativos que possam ser medidos e demonstrem o resultado prático das suas ações na vida do seu público alvo. O quanto as suas estratégias influenciaram e modificaram para melhor a vida das pessoas beneficiadas.

O lucro social pode parecer uma métrica intangível, difusa demais para ser quantificada e considerada como um indicador. Porém, ela é perfeitamente tangível. E, com a ajuda da tecnologia, pode tornar-se um indicador extremamente relevante na definição das estratégias e metas de uma organização do terceiro setor.

Dessa forma, a tecnologia tem um papel crucial nas organizações do terceiro setor: auxiliá-las no cumprimento das suas metas estratégicas, pois são estas que permitirão o aumento da eficiência e, consequentemente, do lucro social! Obviamente, uma empresa comercial também pode utilizar a tecnologia para atingir as suas metas. Mas numa organização do terceiro setor, o alinhamento da tecnologia com as metas, a missão e a visão é ainda mais importante para o sucesso da sua estratégia!

Por muito tempo acreditou-se, e infelizmente essa é uma visão ainda muito forte no Brasil, que as organizações sociais deveriam se distanciar das práticas corporativas de gestão vigentes em empresas comerciais. As organizações sociais eram vistas apenas pelo viés assistencialista. Eram consideradas instituições onde a eficiência, o planejamento, os indicadores e os resultados não eram importantes. Para muitas pessoas, organizações sociais são vistas apenas como um passatempo, um trabalho secundário cujo objetivo é a satisfação pessoal, sem a preocupação com resultados, ou se contrapor ao trabalho dito profissional! Muitas organizações sociais eram criadas e administradas sem uma definição clara da sua missão, de onde elas queriam estar no futuro (visão) e quais metas deveriam perseguir.

A tecnologia tem todos os ingredientes necessários para modificar essa visão e fazer com que as boas práticas corporativas de gestão sejam incorporadas ao ambiente de trabalho e à mentalidade das organizações do terceiro setor:

– Automatização dos processos administrativos num software ERP, permitindo integração entre as diversas áreas e o consequente ganho de eficiência;

– Desenvolvimento e implantação de softwares que atendam necessidades relacionadas à área de atuação da organização. Por exemplo, um software de Gestão Educacional para as organizações que atuam com capacitação e educação de crianças, jovens e adultos. Ou um módulo de CRM para a organização se relacionar com os seus parceiros, mantenedores, patrocinadores, clientes, partes interessadas (poder público, sociedade civil, comunidades, etc.), entre outros.

– Pesquisa e implantação de ferramentas para facilitar a comunicação e gerar aumento na produtividade dos colaboradores;

– Aumento da visibilidade da organização perante a sociedade e da captação de recursos para a sua manutenção.

– Redução de custos e eliminação ou minimização de ineficiências operacionais que drenam recursos financeiros, humanos ou materiais que poderiam ser melhor utilizados na atividade-fim;

– Criação de mecanismos e ferramentas que facilitem a descoberta da organização pelos diversos grupos sociais (sociedade civil, poder público, empresas, outras organizações do terceiro setor, etc.) e o consequente estreitamento do relacionamento.

– Gerenciamento dos projetos e o acompanhamento das suas fases, progresso, indicadores, lições aprendidas e resultados alcançados.

Esta é apenas uma pequena lista de práticas que devem ser incentivadas e incorporadas pelas organizações do terceiro setor e que podem ter os seus benefícios conquistados e maximizados pelo bom uso da tecnologia.

Portanto, o principal papel da tecnologia em organizações do terceiro setor é servir como um dos condutores da criação e do desenvolvimento da cultura de eficiência e da visão corporativa para o trabalho social. Somente dessa forma as organizações conseguirão profissionalizar a sua atuação, conquistando maior eficiência e aumentando o resultado das suas políticas e ações. Ou seja, aumentando ainda mais o lucro social!

Sua empresa possui práticas de incentivo ao bom uso da tecnologia? Deixe seu comentário!

Por: Marcos César

Fonte: administradores.com.brBlog SISPRO Assine ERP

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