O fusca e o software de gestão empresarial

As empresas precisam estar atentas a grande transformação que os softwares de gestão empresarial trazem para suas organizações. E auxiliar seus colaboradores nas transformações que esta tecnologia provocam, para que todos tenham sucesso e evitem os maiores problemas que têm ocorrido na gestão destes projetos

Não se pode demorar muito para ler este artigo, caso contrário, muitos jovens logo logo, podem não saber o que é um fusca, como eu e você o conhecemos. Isto mesmo, um fusca, aquele antigão, 1200, 1300, 1500 e depois o 1600cc dois carburadores. E até o fuscão preto do cantor Almir Rogério, que nos 80 do século passado, ou melhor do milênio passado, fez muito sucesso.

Acredito que muitos que estão lendo este texto, já teve um fusca, o pai teve um fusca, ou o vizinho teve um fusca, ou quem sabe você ainda tem um fusca. O fusca foi e ainda é um bom carro como condução para várias pessoas, raramente dava problemas, cabia cinco pessoas, mas em famílias grandes como a minha, levava oito e para a época, era bonito. Ainda acho ele bonito.

Você ia bem de uma cidade a outra com ele, as estradas não ajudavam, mas ia se da mesma forma que se ia com outros carros como o Chevrolet Opala Comodoro, o CHEVETTE, o Ford Del Rei e outros mais evoluídos da época. Você chegava da mesma forma, ou seja, como condução tanto um carro moderno de hoje como o fusca do milênio passado, levava ao lugar desejado. Então, acredito que você concorda comigo que o fusca cumpriu seu papel perfeitamente como condução, dentre outros importantes transformações que ele provocou.

Mas agora, precisamos de outros veículos como condução, nem que seja o novo fusca, o Beetle. E assim também foram os primeiros sistemas e softwares que as nossas empresas utilizaram. Eles conduziram as empresas ao destino desejado. Mas agora precisamos de novos softwares que conduzam as empresas aos seus novos destinos. Que são outros, mais distantes, precisam ser mais rápidos e com mais segurança. Daí a necessidade de sua empresa implantar um software de gestão empresarial integrado, um ERP (Enterprise Resource Planning ou Planejamento de Recursos Empresariais).

Os primeiros softwares implantados em nossas empresas, funcionaram muito bem e trouxeram grandes resultados. Isto, porque eram pontuais, feitos para resolver problemas específicos da produção, do financeiro, do RH, da contabilidade, do crediário e outros nichos, sempre num contexto limitado e controlado. Trouxeram alívio às cargas de trabalhos enormes das pessoas, que naquela época ainda eram chamados de ‘funcionários’.

E era fácil ver que realmente reduziam mão de obra. Gerando inclusive a fama de que os computadores provocaram demissões nas instituições onde estavam sendo implantados. E isto ocorreu, justamente porque eles mecanizaram estas atividades e substituíram muita gente em processos manuais. O que acredito que foi verdade, haja visto a quantidade de funções e cargos que foram suprimidos com o advento da informatização.

Entretanto, isto passou, teve seu auge e já estamos na segunda década da fase seguinte: A fase de integração dos departamentos, a união destas tarefas que eram realizadas de forma pontuais e mecanizadas, agora necessitam ser automatizadas de forma integrada. Parece algo simples e fácil de resolver como no princípio, mas não se iluda: não é fácil!

Diferentemente da época da mecanização, a qual apenas sobrava a mão de obra que fazia o trabalho repetitivo, a automatização exige que os colaboradores façam suas atividades de formas diferentes e assumam responsabilidades que antes não eram suas. E o mais doloroso para nós como pessoas, é transferir o que fazemos bem, para outras pessoas da empresa, fazerem. Temos a sensação de perda de controle, de perda de poder, de se tornar dispensável. E é exatamente ai que os maiores projetos de ERP tem fracassado, os gestores estão subestimando este item e o preço tem sido alto.

No livro “Conhecimento e Transdisciplinaridade” de Ivan Domingues (UFMG), podemos ver como o mundo caminha, mesmo que sem plena noção disto, para a unificação do conhecimento. A forma como hoje percebemos as disciplinas como a matemática, a medicina, a física, a filosofia e todas as outras áreas de estudos e especialização, estão se unindo. É comum ver médicos especialistas, se juntarem a engenheiros da área da eletrônica, mecânica e robótica para produzir equipamentos médicos; do qual depende de conhecimentos que vão além de uma determinada área do conhecimento.

E assim também, nossas empresas que produzem e vendem para todo tipo de mercado, estão se tornando transdisciplinares; caso queiram ou não, concordem ou não. Com isto, integração dos departamentos e coesão entre eles são as forças mais importante que atuam para o sucesso das organizações em todo mundo. E junto com integração, precisa vir a unicidade, a confiabilidade, a segurança de acesso e a correta disponibilidade de dados e informações. Eliminando completamente a redundância de dados, de atividades, esforços e utilização de recursos escassos. Principalmente o recurso mais escasso e necessário nas nossas empresas: a mão de obra treinada e motivada.

Então o recado é simples; quando você implanta um ERP de verdade em sua empresa, você está promovendo a transformação do seu negócio, está tornando-o transdisciplinar. Está buscando obter mais com os exatos recursos que utiliza até então. Trocando em miúdos, está otimizando seu negócio e o incorporando ao mundo globalizado: perpetuando seu negócio.

Entendeu? Agora então podemos voltar ao fusca: Na hora de selecionar um novo software de gestão empresarial, mais que etiqueta e marca do fornecedor, ou quantos ‘mils’ clientes ele têm, preocupe-se em ter a certeza que este novo ERP, fará com que os departamentos de sua empresa estarão integrados. E que a transição do seu modelo departamental para uma empresa integrada, será o menos traumático possível. Assim você conseguirá fazer com sua equipe não boicote a implantação do ERP. E não duvide: isto acontece muito mais que os gestores pensam!

As pessoas, nós, fazemos isto! Como eu e você fazemos em tudo na vida. Se temos medo e não sabemos para onde estamos indo e o que acontecerá conosco; melhor forçar para ficar como está até quando der. Funciona assim com qualquer pessoa, por mais moderna que sua organização seja. Não caia em filosofia barata, pessoas são nossos maiores ativos, precisam ser respeitada sempre e isto nunca irá mudar, independente de qualquer tecnologia que surgir.

Última dica que funciona: Antes de contratar o novo software de gestão, o ERP, ou se já contratou recentemente, ou pior ainda, está tendo problemas com a implantação do ERP; reúna formalmente e fale com toda sua equipe, sobre estas transformações que sua empresa precisa e que é inevitável para sua sobrevivência. Diga as pessoas o que ocorrerá e se envolva no projeto de implantação. Não delegue seu negócio, ao gerente de T.I., auxilie-o com sua autoridade e visão clara de onde quer chegar. Esta função é só sua, como principal executivo de sua companhia. Chamamos isto de ‘endomarketing’ para implantação do ERP, mas use um nome mais simples, fale de forma simples e você terá resultados surpreendentes.

Pense nisto, aja rápido. Assim você estará trocando sem trauma, seu fusca que tanto lhe serviu até agora, por um novo carro mais potente, mais seguro e mais confortável!

Fonte: administradores.com.br – 31/07/14

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