Migração para o padrão IFRS foi tranquila no Brasil

Por Irineu Uehara

A transição para o padrão contábil IFRS (International Financial Reporting Standards) se deu sem maiores dificuldades no Brasil. As mudanças foram amplamente implementadas, contando com a colaboração ativa de entidades-chave ligadas à área.

“Em muitos aspectos, a adoção das normas aqui foi mais suave do que em outros países”, avalia Bruce Mescher, sócio-líder de Global IFRS and Offering Services (GIOS) da Deloitte. Para este fenômeno, contribuíram alguns fatores críticos de sucesso, que ele descreve detalhadamente nesta entrevista para o portal da Executivos Financeiros.


Em primeiro lugar, houve decisão e compromisso com os projetos, tendo-se optado por implantar o IFRS para todos, discrepando assim do escopo registrado em outros recantos do globo. “O padrão foi adotado como base para contabilidade societária e para pequenas e médias empresas (PMEs). Como resultado, todas as entidades estavam focadas nesse objetivo ao mesmo tempo”, relembra o especialista.

Por sua vez, o RTT (Regime Tributário de Transição), que trata dos ajustes decorrentes dos novos métodos e critérios contábeis, “foi essencial para tirar da mesa muitas das dúvidas associadas às implicações fiscais potenciais da adoção do IFRS”, assinala ele.

Outros fatores apontados por Mescher foram o apoio, o “input” e participação de “stakeholders”, além do papel central do CPC no processo: “Sua composição, ‘charter’ e estruturas de comunicação foram fundamentais durante a fase de transição”, frisa ele.

A introdução do IFRS, acrescenta ainda o consultor, foi parte de um movimento maior de melhorias na governança corporativa que ocorreu em paralelo a outras iniciativas no mercado, tais como: 1 – Novas exigências de relatórios anuais e de listagem das empresas de capital aberto (Instruções CVM nº 400 e nº 480); 2 – Novas demandas de auditoria societária (Lei nº 11.638); 3 – Migração para as normas globais de auditoria (International Standards on Auditing – ISAs).

Por fim, recapitula o sócio-líder da Deloitte, o desembarque do padrão contábil foi beneficiado também pelo momento econômico favorável ao País no período 2008-2011, incentivando as organizações a abraçar as normas.

“Houve interesse internacional e investimento de fora aqui, com o mercado de capitais em expansão. Além disso, nosso sistema financeiro mostrou-se sólido, em vista da crise de 2008”, conclui Mescher.

Fonte: Site Executivos & Financeiros via IBRACON

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