Governo norte-americano avalia aspectos como coleta, armazenamento, controle dos dados e de que forma eles serão usados pelas empresas
Talvez tão grande quanto as oportunidades, a internet das coisas (IoT) traz consigo uma preocupação com aspectos de segurança e privacidade sem precedentes. Há muita preocupação com relação ao controle dos dados e de que forma eles serão usados pelas empresas. O governo norte-americano já mandou seu recado: a indústria de tecnologia terá que encarar o desafio de frente.
Questões como o tipo de informações que os dispositivos conectados coletarão tocam pontos que muitas vezes se referem a intimidade das pessoas, como saúde e hábitos pessoais. Logo, precisam de controle quanto ao compartilhamento.
Toda companhia preocupada com seus clientes precisa demonstrar transparência sobre os dados coletados, onde e em quê pretende usá-los para que consigam construir uma relação de confiança. Produtos web e mobile possuem diferente formas de comunicação, o que abre diversas oportunidades. Agora, para IoT o contexto é um tanto mais complexo, uma vez que atua, muitas vezes, em alguns ambientes que extrapolam o controle ou permissão do cidadão.
Como, por exemplo, evitar a coleta de informações através de uma câmera de segurança inteligente instalada em uma rua? Os dispositivos conectados que cercam as pessoas potencialmente podem ser compartilhados com outras empresas ou órgãos de governo, o que gera uma regulação não-autorizada das pessoas. “Começo a sentir, mesmo em minha própria casa, que estou sendo vigiado de alguma forma”, preocupa-se Jay Stanley, analista da união norte-americana de liberdade civil (American Civil Liberties Union).
Por conta dessas preocupações, o governo dos Estados Unidos começa a preparar o terreno para propor regulamentações de segurança quanto a utilização de IoT. Iniciativa semelhante já ocorre na União Européia, que definiu algumas linhas de discussões com relação a dispositivos vestíveis e automação residencial.
“Penso que há uma oportunidade de regulamentação por parte dos governos, mas isso deve ocorre em parceria com a indústria”, opina Richard Cornish, líder da disciplina de internet das coisas na provedora britânica de serviços x Changing.
Analistas apontam que, talvez, a abordagem norte-americana tenha um viés mais inclinado para demandas da indústria. Esses especialistas acreditam que, se a indústria se move mais rápido que o mercado, precisa definir práticas que deixem os consumidores tranquilos quanto ao uso de ferramentas inovadoras.
A ideia baseia-se também no fato de que o governo, no final das contas, não pretende entender mais de aspectos técnicos do que as próprias empresas de TI. Quer, contudo, ficar de olho para que nenhum abuso seja cometido no meio do processo.
Fonte: computerworld.com.br – 23/10/14