Crédito a MPEs contempla a pesquisa e a inovação

Novidade foi apresentada a empresários durante seminário sobre programas de fomento promovido pelo Sebrae-RS e pela Fiergs

Adriana Lampert

Em apenas um dia, cerca de 150 micro e pequenos empresários gaúchos conheceram, avaliaram e negociaram adesões às diferentes linhas de financiamento voltadas à categoria, expostas durante um dos encontros dos Seminários Regionais de Crédito, promovido ontem na Capital pelo Sebrae-RS em parceria com a Fiergs. Sete instituições financeiras apresentaram seus produtos, entre elas o Brde, que destacou sua mais recente linha de repasse de recursos, ligada à Finep. Em vigor desde abril, o Inovacred é voltado ao setor de pesquisa e inovação das micro e pequenas empresas ( MPEs ) e oferece condições de crédito dentro do programa federal Inova Brasil.

Segundo o gerente de planejamento do BRDE, Alexander Nunes Leitzke, a instituição disponibiliza R$ 100 milhões que podem ser repassados com um limite de até R$ 10 milhões para cada contratante. “O banco está trabalhando uma condição diferenciada para este programa, financiando vários itens relacionados à pesquisa, inclusive os tradicionais, como mão de obra, capital de giro e obras civis”, anunciou o executivo. A linha oferece condição especial, com custo fixo (do total) em 5% ao ano. “Estamos com uma grande expectativa de negociações”, admitiu Leitzke, lembrando que a modalidade é inédita para a categoria. “Anteriormente nas MPEs não tinha acesso à esta fonte de recursos para financiar pesquisa. Em três meses, já temos empresas contempladas, algumas delas em fase de liberação de recursos.”

Presente na plateia do seminário, o proprietário da Sultech Sistemas Eletrônicos, Ângelo Scomazzon, avaliava o novo programa de crédito. “A oportunidade de verificar condições de vários agentes financeiros em uma só manhã está sendo importante para este momento da empresa”, admitiu. “Estamos investindo bastante em inovação, e normalmente uma MPE não tem capital próprio para fazer este tipo de investimento.” Além das palestras de apresentação de produtos, o empresário participou da rodada de negócios no mesmo local do seminário. Buscando taxas de juros mais acessíveis, ele conheceu as condições de cada uma das instituições presentes. Além do Brde, representantes do Bndes, da Caixa, do Sicredi, do Banrisul, do Banco do Brasil e do Bradesco mostraram suas linhas de crédito.

Com meta de buscar a certificação da Comunidade Europeia (CEE), que exigirá investimentos em torno de R$ 500 mil a serem aplicados em contratação de laboratório de certificação, documentação, assessoria externa e desenvolvimento de produtos, o proprietário da Sultech mostrou preferência pelos recursos do Bndes via Finame. Outro produto que fez sucesso entre os empresários foi o cartão Bndes, em vista da facilidade de adesão e de crédito. Para aderir, a empresa deve buscar um dos seis agentes financeiros (BB, CEF, Bradesco, Itaú, Banrisul e Sicob) no País, para obter recursos a serem pagos em parcelas fixas de 0,86% ao mês (julho/agosto) em até 48 vezes. O administrador do Departamento Regional Sul do Bndes, Roger Vocos, destacou ainda as linhas Bndes automático, para projetos de investimento, Bndes PSI, com taxa de 3,5% fixos ao ano para compra de máquinas e equipamentos nacionais credenciados no Finame, e o Fundo Garantidor do Investimento (FGI). 

Segundo o diretor do Sebrae-RS, Marco Antônio Kappel Ribeiro, desde 2008 a entidade promove em torno de 15 a 18 seminários por ano, realizados na Capital e em cidades do Interior. “Até o final deste ano, a iniciativa terá rendido 70 seminários de crédito”, comemorou. Segundo ele, até hoje 3,7 mil empresas estiveram presentes e fecharam negócios resultantes dos encontros.

“É fundamental que as MPEs tenham capital de giro adequado e possibilidade de investir em melhorias de gestão, inovação e em novos nichos de mercado. A iniciativa do seminário é orientar e preparar os empresários no sentido de que eles só tomem algum recurso financeiro emprestado quando tiverem planejamento bem organizado”, diz Kappel.

Um plano de negócios, segundo ele, além de identificar a necessidade de capital, ainda aponta quem são os concorrentes, se há viabilidade para investimento e quais são os riscos.

Roberto Simões defende diminuição da carga tributária para micro e pequenos negócios

Roberta Mello

O Brasil precisa retomar o seu crescimento, algo que só é possível com o investimento em mão de obra, inovação, tecnologia e gestão nas empresas, afirmou o presidente do Conselho Deliberativo Nacional do Sebrae, Roberto Simões. Em visita ao Rio Grande do Sul para definir as prioridades na aplicação dos recursos visando a melhorar a performance dos pequenos negócios, Simões defendeu a diminuição da carga tributária sobre as empresas optantes do Simples. Também é partidário do desenvolvimento dos Arranjos Produtivos Locais (APLs) para o fortalecimento dos setores produtivos.

Segundo Simões, a questão tributária é um entrave para o desenvolvimento das micro e pequenas empresas de todo o País. Contrário à cobrança da diferença de alíquota do ICMS pelos estados para as empresas optantes pelo Simples, segmento responsável por 53% da mão de obra em atividade no Brasil, o presidente declarou que esse sistema “dá com uma mão para tirar com a outra”. “O Sebrae tem o dever de se posicionar contra essa cobrança”, enfatizou.

Um passo importante na defesa dos interesses dos pequenos negócios dentro do governo federal é a recente criação da Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República. Para Simões, a secretaria vem para “simplificar o que já deveria ser simples” e promover a retomada da produtividade do setor. “A tarefa do Sebrae é colaborar com esse processo investindo em criatividade, inovação, tecnologia, gestão e qualidade. O papel do governo é diminuir os impostos e a burocracia”, defendeu.

Recém chegado da Itália, onde foi buscar experiências para melhorar a gestão dos clusters (APLs) brasileiros, Simões destacou que apesar da crise financeira na Europa, os arranjos produtivos italianos continuam mantendo competitivas as associações de pequenas empresas.

“Em algumas regiões da Europa as micro e pequenas empresas chegam a responder por 57% do PIB, enquanto no Brasil esse número chega a apenas 25%. Além disso, lá existem cidades como Lyon, Barcelona e Stuttgart, que têm a economia baseada nos pequenos empreendimentos”, enfatizou o presidente do conselho da entidade.

Uma das alternativas apontadas por Simões para o crescimento dos APLs é a extensão da cadeia produtiva. “Precisamos investir no desenvolvimento de todas as etapas envolvidas nos processos produtivos para otimizá-los e diminuir as perdas”, defendeu. Em sua visita ao Estado, mais do que trazer contribuições aos APLs gaúchos, Simões buscou cases de sucesso para disseminar pelo Brasil. Conforme o presidente do Sebrae-RS, Vitor Koch, “o executivo deve levar para o resto do País ideias que deram certo no Estado, como os programas Juntos para Competir e
Que Comércio”.

Fonte: Jornal do Comércio via FENACON

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