Comércio virtual conquista seu espaço

Na esteira do crescimento do comércio on-line e apostando no baixo custo de investimento como principal atrativo, as franquias virtuais começam a conquistar um pequeno, mas significativo – levando-se em conta o potencial de expansão – espaço no setor. Segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF), existem atualmente 12 franquias virtuais cadastradas operando no país. A expectativa do setor é que este mercado cresça cerca de 30% até 2017. Apesar do otimismo da ABF, das facilidades citadas, especialistas recomendam certa prudência. “É um mercado muito pequeno e muito novo, ainda em processo de maturação. É arriscado afirmar que já está dando certo”, afirma Paulo Vicente Alves, professor de estratégia da Fundação Dom Cabral. “Mas é inegável que existem atrativos, sobretudo em relação aos custos, já que é possível abrir uma franquia virtual sem contar com uma grande estrutura”, completa Alves.

Para Caio Sigaki, fundador e diretor geral da Elefante Verde, franquia virtual que atende empresas que precisam divulgar os seus produtos e serviços na internet, apesar de o negócio apresentar algumas vantagens financeiras, em relação ao modelo tradicional, existem barreiras a serem vencidas.

Muitos investidores, segundo o empresário, acham que é simples e prático abrir uma franquia só porque ela é virtual. “As franquias virtuais têm a vantagem de ser um modelo mais barato que o tradicional, já que não necessitam dos custos de investimento de ponto e de estoque. Além do custo fixo também ser menor, pois os investimentos em tecnologia são feitos pelo franqueador”, afirma Sigaki. “Mas é preciso muita análise e entendimento do mercado para conseguir transformar um negócio on-line em franquia virtual. E também entender a receptividade do produto pelo cliente que é diferente em um modelo tradicional e já conhecido por todos”, completa.

Sigaki explica que, no caso de sua franquia, ter um ponto de venda “físico” foi fundamental para dar credibilidade ao seu negócio. “O nosso modelo conta com escritórios no qual os franqueados atendem e treinam os clientes. Como o nosso mercado está offline, ou seja, desconectado, atuar apenas na internet sem a presença física acaba sendo uma desvantagem” afirma o diretor. “Por isso temos um ponto físico para passar mais confiança e credibilidade junto aos clientes”, diz.

Maior rede de pet shop on-line do Brasil, a Meu Amigo Pet é um exemplo de como a lojas virtuais e físicas podem atuar de forma complementar – a marca conta com 12 lojas físicas, entre próprias e franquias, com média de 200m². Os produtos que não encontrados nas lojas podem ser encomendados com condições diferenciadas nas lojas virtuais. Segundo Gabriel Luiz Gonçalves, diretor financeiro do Meu Amigo Pet, existem hoje mais de 30 mil pet shops físicos no Brasil, a maior parte do setor atuando com força na categoria de serviços, como banho e tosa, mas deixando a desejar em termos de variedade de produtos.

“O e-commerce traz um portfólio muito maior que um pet shop de 200 m², sendo mais fácil encontrar produtos para raças específicas e novidades em acessórios”, afirma. Recentemente, o Meu Amigo Pet fechou parceria com o Submarino Marketplace, modelo de negócios que reúne clientes e vendedores em uma única plataforma. O acordo possibilitará a comercialização de mais de cinco mil produtos.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), o mercado brasileiro ocupa a segunda posição no ranking mundial de consumo de produtos pet, atrás apenas dos EUA. Em 2014, vendas devem chegar a R$ 16 bilhões.

Por Tom Cardoso

Fonte: Valor Econômico – 27/08

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