Uma nova era na contabilidade de seguros - SISPRO
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Uma nova era na contabilidade de seguros

Uma nova norma mundial para a contabilidade de seguros significaria grande melhoria na transparência e consistência, com inúmeros benefícios para todos os envolvidos

Luciene Magalhães*
redacao@brasileconomico.com.br

Após mais de 15 anos de debates, o IASB (International Accounting Standards Board), comitê que regula as normas internacionais de contabilidade, emitiu as propostas para um novo modelo de contratos de seguros. Essa nova formatação vai introduzir mais volatilidade no resultado, porém refletirá com mais precisão os riscos e passivos assumidos pelas seguradoras, propondo uma visão mais moderna e atual para a contabilidade de seguros.

Apesar disso, todas essas as modificações terão um custo e o nível de mudança e as complexidades associadas à implementação destas propostas não devem ser subestimados. As seguradoras provavelmente sentirão as consequências nas suas organizações e o desafio está nos detalhes. Sem contar que a velocidade para a introdução dessas mudanças no dia a dia das empresas dependerá das bases contábeis que elas utilizam atualmente. Dentre as propostas do IASB, uma delas afetará a maneira pela qual as seguradoras reportam a sua rentabilidade e posição financeira. Isso deve trazer alterações no resultado e patrimônio líquido para a maioria das companhias que atuam nesse ramo, pois haverá a necessidade de remensurar continuamente os passivos de contratos de seguros a um valor corrente, em vez de utilizar uma base de custo histórico. Além disso, os seguros de vida de longo prazo com opções e garantias podem exigir que as seguradoras divulguem mudanças nos valores desses itens na demonstração de resultados. Com essa abordagem de apresentação, podemos ter uma mudança radical na maneira que as seguradoras reportam o seu desempenho, pois a receita de contratos de seguro seria alocada ao longo do período de cobertura proporcionalmente ao valor dos serviços prestados, o que seria completamente diferente dos valores dos prêmios apresentados atualmente.

O novo modelo de contrato de seguro proposto pelo IASB provavelmente dará uma maior ênfase de toda a demonstração de resultados, ao contrário de um foco no lucro ou prejuízo. Estas alterações nos requisitos de relatórios contábeis e financeiros precisarão ser explicadas aos analistas, investidores e outras partes interessadas, o que pode gerar a necessidade de modificações nos sistemas, na melhoria da comunicação com as partes interessadas e na gestão de ativos e passivos.

Se as seguradoras começarem a se planejar agora, esse novo cenário poderá trazer oportunidades de maior eficiência em áreas com o levantamento de dados, capacidade de modelagem e investimento em sistemas e recursos. O tamanho do debate sobre o projeto de seguros indica que não há um único modelo que vai agradar a todos. O IASB fez grandes esforços para melhorar as propostas, abordando as principais preocupações das seguradoras e mantendo o objetivo de uma base de valor atual para mensurar os passivos de contratos de seguros, tornando, assim, muito mais real a possibilidade da criação de um padrão internacional, um “IFRS das Seguradoras”. Esta deve ser a maior mudança de todos os tempos nos relatórios financeiros para a maioria das seguradoras, superando de longe a adoção da IFRS (International Financial Reporting Standards, as Normas Internacionais de Contabilidade).

A extensão da mudança será ampla e não há dúvida de que as demonstrações financeiras das seguradoras serão muito diferentes em comparação com as apresentadas até hoje. A atual falta de consistência na maneira com que as diferentes seguradoras apresentam os seus resultados financeiros dificulta a análise e comparação do desempenho dessas instituições pelos analistas e investidores. Uma nova norma mundial para a contabilidade de seguros significaria uma grande melhoria na transparência e consistência, com inúmeros benefícios para todos os envolvidos. Este será um novo mundo para o seguro, um mundo em que as métricas de relatórios financeiros e percepções das partes interessadas serão elevados a um novo patamar para a indústria de seguros.

*Luciene Magalhães é sócia da área de Seguros da KPMG no Brasil – 10/10/13